Depois de alguns dias sem atualizações no blog começo aqui uma nova coluna fixa. A partir desta segunda-feira, publicarei semanalmente uma coluna no jornal O Foco, a convite da amiga Teka. O tema da primeira edição da coluna foi o filme Raul: o Início, o Fim e o Meio. Segue o texto que pode ser lido na versão online do jornal e, também, em sua versão impressa que circula nas cidades de Caldas Novas, Rio Quente, Catalão, Morrinhos, Piracanjuba, Panamá, Goiatuba, Itumbiara, Buriti Alegre, Água Limpa, Marzagão, Corumbaíba, Cristalina e Goiânia.
Na última quinta-feira o documentário Raul: O Início, o Fim e Meio
foi lançado em Goiânia, com a presença do diretor Walter Carvalho. O longo faz
uma viagem cronológica e conceitual pela vida e obra do Maluco Beleza. A frase,
que entre aspas nomeia esse pequeno artigo foi dita por Walter, em resposta a
um dos interlocutores no debate que se seguiu à exibição.
“Raul é ficção” não porque o ídolo de gerações é uma fraude, pelo
contrário. A afirmação do documentarista significa que o filme não conta A
História do baiano que chocou a música brasileira com sua espontaneidade e sua
mistura de ritmos. O Início é a interpretação que Carvalho fez da vida e
carreira do cantor, a partir dos depoimentos e do material de arquivo que ele
recolheu.
No total, foram mais de 450 horas de vídeos que resultaram no
longo com “apenas” 130 minutos. As gravações duraram cerca de um ano e, além do
Brasil, ocorreram nos Estados Unidos e na Suíça, onde ocorreu um dos
momentos mais peculiares do documentário. a situação foi protagonizada por
Paulo Coelho, um dos parceiros de Raul e seu iniciador no mundo das drogas e do
ocultismo.
O escritor foi entrevistado em sua casa em Genebra e,
coincidentemente, um dos símbolos emblemáticos do cantor, surgiu durante o
depoimento: uma mosca. Paulo afirmou que nunca havia encontrado o inseto ali e,
portanto, Raul estava presente naquele instante. A montagem da cena incomoda. A
dúvida sobre o aparecimento ter sido realmente coincidente, ou planejado.
Outro ponto de incomodo é a presença, em determinado momento, do
ator Daniel Filho. A única informação acrescentada na sequência é o fato de que
o filho do ator chama-se Raul. A ausência de depoimento da primeira esposa do
baiano também promove uma lacuna. Edith recusou-se a falar do ex-marido, tendo
apenas lido uma mensagem via skype narrando seus motivos.
As outras esposas e companheiras do Maluco Beleza tem presença
garantida. Contam a história da vida privada, as peculiaridades de Raul e sua
vida doméstica. Walter Carvalho usou dois planos de tempo para o filme. Em um
deles, cronológico, narra o Raul homem, o marido, o pai, o filho. No outro,
interrompido, está a carreira, seus parceiros musicais, seus trabalhos.
Sobre seus parceiros, o diretor pergunta quem teria sido o maior
parceiro do roqueiro. Há várias respostas, mas a que fica foi dada por Paulo
Coelho. “o maior parceiro de Raul Seixas é Raul Seixas”. Ainda sobre o
escritor, o filme mostra seu reencontro com Raul, nos palcos do Rio de Janeiro.
O encontro, constrangedor e silencioso, foi promovido por Marcelo Nova.
O filme retoma o debate sobre o fim da carreira do músico. O
derradeiro parceiro, Marcelo Nova, se aproveitou do ídolo na sequência de 50
shows que fizeram juntos, depois de Raul ter permanecido quatro anos longe dos
palcos? A turnê adiantou a morte ou prolongou a vida? Somente perguntando à
própria Morte, que o cantor saúda com os versos “vou te encontrar vestida de
cetim, pois em qualquer lugar esperas só por mim e no teu beijo provar o gosto
estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar”
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