sábado, 22 de fevereiro de 2014

Resenha - Lembranças da Luta

Lembranças da Luta é um livro escrito pelas jornalistas Belisa Monteiro, Dérika Kyara e Letícia Santana e resgata lembranças de dez pracinhas (soldados que participaram da Força Expedicionária Brasileira), da II Grande Guerra. Belisa, Dérika e Letícia ouviram depoimento de dez senhores que participaram do esforço de guerra brasileiro. Das dez personagens, sete estiveram no front italiano e outros três permaneceram guarnecendo o litoral contra ataques do Eixo.

Meu primeiro contato com a obra foi no ano de 2012, quando cursei especialização com duas das autoras: Belisa e Letícia. Ganhei um exemplar do volume cuidadosamente editado, mas só tive a oportunidade de concluir a leitura do trabalho em 2014. Assim que fechei o volume, depois do último ponto final, voltei às páginas iniciais e reli a dedicatória que Belisa me fez. E ela cobrou uma resenha, que trago agora nessa Unidade de Informação.

Lembranças da Luta tem como pano de fundo o conflito entre o Eixo e os Aliados, mas a guerra funciona apenas como cenário para a vida de seus protagonistas. Os dez perfilados são goianos, naturais ou de adoção. Um deles, oriundo de Alagoas, se descreve como alagoiano. O orgulho, as tristezas, as vitórias, as frustrações e as mágoas que a guerra provocou nos pracinhas estão retratados nas 89 páginas do livro-reportagem. Do rapaz que escapou da guerra por ter as mãos calejadas pela "lida no campo" àquele que distribuiu chocolate aos italianos famintos. Perguntado sobre o fim da guerra, um dos ex-combatentes responde: "Nós não recebemos a notícia, nós éramos a notícia".

As jornalistas, que registraram os depoimentos dos ex-combatentes, criaram o projeto como Trabalho de Conclusão do bacharelado em jornalismo. E juntas conseguiram transmitir com simplicidade e emoção os traços da vida de alguns dos homens que tiveram seus destinos alterados pelo ataque dos submarinos alemães a navios mercantes brasileiros. Uma frase descreve o sentimento provocado pelo livro "Lágrimas escorriam das faces das mães que perceberam que da Itália voltaram apenas as cinzas de seus filhos".