terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SambadeRaiz.net

O site Samba de Raiz é um projeto que visa difundir o samba em suas diversas vertentes, além de artistas (compositores e intérpretes) que vivificam esse estilo musical. O proprietário do site, Marcelo Oliveira, não disponibiliza as músicas para download, apenas permite que sejam ouvidas via streaming.

Além da audição está disponível uma série de textos com a biografia e as letras dos principais sambistas do país. Escolas de samba e seus respectivos samba-enredos também contam com seu espaço.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Luan Santana lança música em jogo Brasil x Bósnia

Na terça-feira, dia 28 de fevereiro, a seleção brasileira de futebol faz seu primeiro amistoso do ano. A partida será disputada em Zurique, Suíça, no estádio do St Gallen. O adversário do selecionado nacional será a equipe da Bósnia. Um fato inédito será concomitante à partida. O cantor sertanejo Luan Santana, que está prestes a lançar seu novo cd irá divulgar a primeira música de trabalho do novo disco durante a partida.

Segundo informações do blog Universo Sertanejo, o astro teen irá utilizar as placas de publicidade do estádio St Gallen para divulgar o endereço de um HotSite onde a música estará disponível para audição. O jogo será transmitido ao vivo pela Rede Globo, a partir das 15:45.


Atualização:


A música de Luan Santana, chamada Incondicional, vazou na internet:


 Eu vou pedir ao Sol,
Pra iluminar nosso caminho.
E todas as estrelas,
Pra enfeitar nosso destino.
Me leva onde for, segure a minha mão,
Pois sei que você vai ser a minha direção.
A gente é assim, temos tanta coisa em comum,
Você tem marca em mim, e pra você não sou mais um.
Nascia o nosso amor,
Tão forte como a noite
Perfeito como o dia.
Eu vou subir as nuvens,
Pra desenhar o teu sorriso.
E no azul do céu,
Vou ver os seus olhos brilhando.
Em meio às estrelas, fico flutuando
Em minhas digitais já tem um pouco de você.
Eu sigo seus sinais, assim nunca vou te perder.
É incondicional, você tem a forma exata pra me prender...
Em você!

(D)butante

Formei-me em jornalismo no ano de 2009. Como trabalho de conclusão de curso, elaborei junto a dois colegas de classe: Felipe Ribeiro e Paulo Cavalcanti uma revista sobre a quarta divisão do campeonato brasileiro, que naquele ano foi disputada pela primeira vez. 

Destacamos na revista a posição oficial da CBF, representada pelo diretor de competições Virgílio Elísio; as 39 equipes que participaram do certame; o fanatismo da torcida do pernambucano Santa Cruz que, ano após ano, repete recordes de público; curiosidades sobre o torneio e os vencedores, que carimbaram o acesso à série C.  Outro destaque da revista foi resenha sobre o livro A Bola corre mais que os homens, do antropólogo Roberto DaMatta. 

Àqueles que se interessarem, no seguinte link podem conferir a revista em sua versão digital: (D)butante!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Antes de viajar, doe sangue!

Vésperas de Carnaval. O Brasil vai parar no próximo sábado e só volta a funcionar na quarta-feira, depois das duas da tarde. Assim é a maior festa popular ocidental, no país que mais faz festa. Em goiás a diversão está garantida para quem viaja para o interior ou, em menor escala, para quem permanece em Goiânia.

Há algo de preocupante nesse período. A mistura álcool e direção, apesar de abominável, é quase tão comum quanto a própria festa. Ela provoca um alto índice de acidente, mas isso tende a reduzir.  Em 2012 o governo do estado resolveu ampliar a operação Balada Responsável, que realiza blitzes com bafômetros para medir o grau alcóolico dos motoristas, para cidades que recebem o Folião no Carnaval.

O crescimento no número de acidentes provoca outro problema: o estoque de sangue e derivados cai drasticamente nos hemocentros. De acordo com o Ministério da Saúde a quantidade estocada diminui cerca de 25% neste período. A queda ocorre por que muitos doadores viajam no momento em que cresce a demanda.

Uma simples visita ao Banco de Sangue mais próximo pode resolver isso. Antes de pegar a estrada, durante os preparativos para a viagem, dispense uma hora do seu tempo para fazer a doação. O candidato passara por uma triagem clínica, em que serão avaliados itens como a anemia e a pressão. Em seguida ele respondera uma série de perguntas para, então, ser encaminhado à sala de coleta.

Todo o procedimento dificilmente dura uma hora completa. Dependendo da pessoa, em cinco minutos, a bolsa de sangue estará cheia. Em Goiânia você pode procurar o Hemocentro, o Araújo Jorge, a Samta Casa, o  Hospital das Clínicas, além de várias outras unidades de Saúde. Procure a mais próxima de sua casa e ajude a salvar uma vida.

A bola corre mais que os homens



Roberto DaMatta é bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal Fluminense e especialista em Antropologia Social pelo Museu Nacional. Cursou Mestrado e Doutorado pelo Peabody Museum da Universidade de Harvard. Ainda no Museu Nacional, DaMatta foi chefe do Departamento de Antropologia, além de coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Ele é professor emérito da Universidade de  Notre Dame (USA), onde ocupou a Cátedra Reverendo Edmund Joyce entre 1987 e 2004. Atualmente, Roberto DaMatta é professor titular da Ponifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).



De acordo com a revista Ciência Hoje, ele é o pesquisador das Ciências Sociais brasileiras mais citado. Foi pioneiro nos estudos de  rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio de suas diversas manifestações culturais próprias. O pesquisador fluminense trabalhou o Brasil como sistema cultural definido a partir do carnaval, da música, da comida, da mulher, da morte, do jogo do bicho, das categorias de tempo e espaço, além, é claro, do futebol. 

Em 2006, ele publicou pela editora Rocco o livro A Bola Corre mais que os Homens, em que reúne uma série de crônicas publicadas nos jornais Folha da Tarde e O Estado de S. Paulo, no período das Copas do Mundo de 1994 e 1998. Às crônicas, DaMatta acrescentou três ensaios que escreveu tratando do papel social que o futebol exerce na construção da identidade e da cidadania brasileiras. 

Roberto DaMatta inicia o livro tratando da escolha do título. A Bola Corre mais que os Homens é uma expressão que permeia todo o primeiro grupo de crônicas, que tratou da participação brasileira na Copa do Mundo de 1994, em que o selecionado brasileiro conquistou seu tetracampeonato mundial, apesar da descrença com que a população e grupos de mídia, especialmente a imprensa  esportiva, tratava o grupo canarinho. Mas a frase tem uma história mais intrigante. O autor a teria ouvido quando em sua infância, no interior de Minas Gerais, ele foi pela primeira vez a um jogo de futebol, um clássico local. Ao tratar de sua experiência pessoal, DaMatta exemplifica a forma como o esporte nacional cria a identidade brasileira e, também, diminui as distâncias entre os atores sociais.

Na mesma ocasião em que ele ouviu, pela primeira vez, a frase que nomeia sua coletânea, um DaMatta criança percebeu que nem sempre o selecionado de maior qualidade técnica vence o certame. Por essa constatação, o futuro pesquisador aproximou-se do pai, que não demonstrava torcida pelo fato de ser um importante funcionário público que deveria se manter "à distância da comoção popular", e de uma terceira pessoa que permitiram ao garoto participar da discussão como se fosse um igual. 

O autor reafirma o rompimento das amarras proporcionadas pelo esporte, o futebol em especial, em outros momentos de seu trabalho. Não apenas nas crônicas, que faziam ligação direta aos primeiros tempos da imprensa desportiva com o Nelson Rodrigues, cronista e fluminense roxo, ou o José Lins do Rego também cronista e flamengo apaixonado. No primeiro dos três ensaios que encerram A Bola Corre mais que o Homem, intitulado Antropologia do Óbvio: um ensaio em torno do significado social do futebol brasileiro, DaMatta destaca a ascensão social e financeira que a prática esportiva possibilita aos brasileiros. 

Outro destaque que o autor faz em relação ao Brasil é a forma antropofágica com que assumimos o esporte bretão como paixão nacional. A princípio, um esporte de elite e aristocrático, o futebol se tornou elemento fundamental da construção do "ser brasileiro" à medida em que a prática esportiva transfigurou-se em campo de disputa teórico e social, chegando a ter sido rejeitado por intelectuais brasileiros como Lima Barreto. "Habituada a jogar, não a competir, a sociedade brasileira, construída e dinamizada por favores, hierarquias, clientes, e abarrotada de ranço aristocrático e escravocrata, reagia ambiguamente ao futebol." O vencedor não se tornava proprietário do esporte, da mesma forma como o perdedor não era simplesmente ridicularizado pela derrota. 

Para o autor, o êxito do esporte no país seria a forma pela qual a tese de que os povos colonizados estariam sempre submetidos às instituições coloniais. "Mais que isso: o sucesso mundial do futebol brasileiro obrigou a mudar as velhas teses sobre a identidade nacional." Ele cita o paradoxo que é um esporte importado, de origens elitistas, permeado por termos estrangeiros, transformar-se em uma das principais agentes de uma redefinição do pensar brasileiro.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mãe Coruja Peregrina


O sol nem mesmo raiara quando descemos do carro naquela madrugada. E nem éramos os únicos com aquele objetivo. Depois de percorrer cerca de dez quilômetros do Terminal da Praça da Bíblia, ao Terminal Padre Pelágio nos preparávamos para a nossa peregrinação. Eu tinha dois objetivos com a caminhada prestes a começar. Um deles era completar minha visão em relação à minha acompanhante. O outro... Digamos que eu não sei qual era esse objetivo.

Vinte quilômetros foi o percurso que fiz ao lado de Terezinha Cleide da Silva. Os olhos castanhos, escondidos atrás dos óculos com armação de massa brilhavam de felicidade. A graça pedida, alcançada. Agora era o momento de agradecer à Divina Providência, na pessoa da Santíssima Trindade pela gravidez bem sucedida e pela saúde da pequena Nayara.

- Evaldo dia vinte e oito passo na sua casa de madrugada pra gente ir em Trindade, a pé! – foi assim, pelo telefone, que ela me anunciou o que faríamos naquela manhã de domingo. Recebi a ligação em pleno feriado de Corpus Christi. Tinha acabado de me mudar. No momento fiquei griladíssimo. Não tinha feito promessa alguma para ter que cumprir. Perguntei por que eu tinha que ir e, ela me respondeu apenas com rodeios.

- Não interessa menino. Eu fiz promessa pra você ir comigo e com seu padrinho até Trindade a pé. E você vai. – eu não sabia a promessa que ela tinha feito para que eu cumprisse, mas a dela era clara. Cleide a carregava para cima e para baixo desde que deixara de trabalhar na confecção de moda praia em janeiro.

O nome dessa graça era Nayara. Num momento desses eu tenho a certeza do poder que a palavra tem. E que a transformação de um drama particular, em espetáculo coletivo faz com as pessoas.

Nayara não foi a primeira opção para a criança, filha de Cleide e Odimar. O bêbe se chamaria Geovana caso a mãe não tivesse ficado fascinada com a história bizarra protagonizada pelo namorado apaixonado Lindeberg e suas vítimas Nayara e Eloah.
O martírio de umas fez com que o nome outra fosse escolhida. O nome de uma garota que nasceu sob uma série de riscos.

Cleide era mãe de um único filho, Gustavo que tinha oito anos na época. E desejava ardentemente ser mãe de uma segunda criança. Só que ela tinha alguns problemas com isso. Na primeira gravidez ela sofreu muito. Pressão alta, começo de diabetes, pre-eclâmpsia. Mesmo naquela época ela teve que tomar muito cuidado com o corpo.

A mãe coruja não podia deixar a responsável pela peregrinação em casa. Assim, a pequena Nayara, acompanhou todo o trajeto de Goiânia a Trindade em um carro que não passava de trinta por hora na rodovia dos romeiros. E enquanto isso eu caminhava ao lado de Cleide. Conversávamos sobre muitas coisas. Depois do primeiro quilometro eu dei o bote.

- Tia... já que a senhora não vai me contar que promessa fez eu pagar quero te pedir uma coisa.

- Pedir o que, menino? – ela me respondeu. Nem parece que cresci, como não parece a uma mãe que seu filho cresceu. Minha tia, que também é madrinha, fez parte de toda a minha infância. Cresci ouvindo os gritos dela. E que gritos. Até hoje eles ecoam em meu ouvido.

Cleide nunca foi a mais calma das mulheres, nem mesmo a mais controlada. Ela sempre se irritava com os sobinhos, mesmo quando não faziam nada demais. Brincadeiras de criança, é claro. E diante de um ou outro ela dizia que não era assim quando tinha a nossa idade. Mas nem sempre.

Naquela manhã de vinte e oito de junho, quando o sol começava a queimar nossas costas na rodovia dos romeiros ela não ficou irritada. Apenas perguntou com um forte tom de brincadeira.

- É um texto que eu tenho que fazer. Quero falar da senhora. Contar um pouco da sua história. Um pouco das coisas que vimos e vivemos. – eu respondi rapidamente. Nos aproximávamos de um posto de apoio. A segunda estação da via crucis representada na estrada. Uma garrafa de água mineral para cada um. E começamos a conversar. Perguntei por que ela estava ali, depois de perguntar mais uma vez por que eu estava ali. Não tive resposta para a primeira pergunta. Com a segunda, no entanto, ouvi essa história.

Cleide tinha um medo enorme de qualquer tipo de médico. Qualquer espécie de cirurgia. Se ela pudesse imaginar o que teria que fazer para superar esse medo. Com trinta e nove anos ela é a mais jovem de oito irmãos. A única a ter nascido em um hospital. Os outros foram frutos de parto normal, na fazenda onde seus pais moravam. E a mais jovem da família foi responsável pela salvação do mais velho.

Em uma tarde de 2003 ela recebeu um telefonema no trabalho. Seu irmão estava internado. A pressão dele tinha subido a níveis estratosféricos. A uréia tornava seu sangue simplesmente venenoso. Os dois rins deixaram de funcionar. Por um ano ele esteve mergulhado em tratamentos paliativos. Enquanto esperava os exames que tornariam possível a sua sobrevivência.

E por esses exames Cleide foi obrigada a perder o medo de hospital. O medo de cirurgias. Dos sete irmãos, apenas ela tinha compatibilidade total com o mais velho. A maior chance de sobrevivência para o renal crônico estava em arrancar um pedaço de seu corpo e transplantá-lo no irmão. Foi o que ela fez, mesmo sabendo que corria o risco de não poder ter seu segundo filho. E ela salvou o sangue do seu sangue.

Em 2006 ela resolveu. Era o momento de conceber Nayara. Só que nada é tão simples quanto parece. – ela me diz com um sorriso tranqüilo enquanto nos aproximávamos da sétima estação da via crucis. O cheiro de parafina queimada invadiu nossas narinas. Ela começava a sentir a panturilha e, ainda rindo, lembrou-se de algo que tínhamos conversado antes de começar a caminhar.

- Pensa se eu tivesse vindo com meu tamanco. Não ia conseguir andar de jeito nenhum, nem acompanhar seu ritmo. – o que mais nos incomodava não era o sol, nem a longa caminhada que tínhamos pela frente. Metade do caminho tinha sido percorrido. Com um olho na trilha e outro na estrada, de onde víamos o carro que levava a pequena Nayara do alto de seus longos cinco meses. A mãe coruja preocupava-se mais uma vez.

Ela não ta com vontade mamar.” Pensou em voz alta. Como se eu não estivesse ali. Quase me esqueceu no momento da preocupação.

- Você sabe que eu to indo a pé assim por causa dela, não sabe? Foi isso que eu prometi... ir a Trindade a pé se ela nascesse bem. E nasceu. Ta ali do lado, rindo da gente. – o que nos preocupava era o que estava à frente. E do lado. Era o primeiro domingo da festa, mas ainda assim a estrada estava lotada. E nem todo mundo tinha o mesmo ritmo de caminhada. E isso atrasava a gente. Uma família inteira esteve por um momento prestes a ser xingada por ela. No meio da peregrinação. Cinco pessoas andando lado a lado, sem abrir uma única brecha pra quem vinha atrás passar por eles. Um xingamento e um grito. Quase! Mas ela se controlou. Saímos do passeio, andamos alguns metros no acostamento e voltamos ao passeio.

Trindade estava diante de nós. A rodovia dos romeiros desaparecera deixando para trás a promessa cumprida. À frente a Basílica do Divino Pai Eterno. Padroeiro de Trindade e dono daquela festa.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O artesão e o escriba



 “O mais antigo conflito que divide a humanidade é a separação entre o artesão e o escriba.” Assim Revans definiu a contenda que se escorra no dualismo entre as duas funções que são, na sua própria origem, fundamental para o desenvolvimento do homem enquanto animal social e pensante. Nesse momento estamos reunidos para a atividade intelectual. Refletimos sobre processos, produzimos conhecimento. Escrevemos!

Mas eu faço a vocês, meus companheiros, algumas perguntas. Em que estão sentados? Sobre o que apoiam seus pés, ou protegem seus corpos?

Se abandonamos a vida nômade, nos tornando criadores e agricultores foi por que um de nós, um escriba, observou o fogo ardendo as achas que a natureza havia derrubado. Agora, se permanecemos em uma mesma região e construímos família foi por que houve alguém que trabalhou o couro dos animais de caça e criados. Alguém que transformou a pele que não lhes servia de alimento em estolas que cobriram nossos corpos.

Se os mistérios que nossos antepassados foram gravados em papiro, pergaminho e papel pelos escribas daquele tempo foi por que um artesão manejou o caniço, raspou a pele do cordeiro, moldou o barro que originou as primeiras tábuas onde Hamurabi escreveu seu código.

E a evolução do homem macaco, até o homem moderno. Das pequenas comunidades aos emaranhados globais, mesmo em constante conflito, Escriba e Artesão trabalham lado a lado. Um, muitas vezes, não reconhecendo o trabalho do outro. E muitos, não reconhecendo a importância daquele que, com suas mãos cheias de calos, construiu abrigos e ferramentas. Que permitiu que a terra infértil fosse rasgada e recebesse em seu leito o adubo que os escribas desvendaram em seu ócio.

O conflito entre artesãos e escribas não vai cessar enquanto a humanidade não encontrar seu fim, já que é de nossa profunda natureza as disputas pelo melhor espaço. E não posso dizer se haverá um lado que terá êxito maior que o de seu adversário. Por isso apelo para a sabedoria do Humanitismo, que Machado de Assis – um sublime escriba – elencou por meio de seu Quincas Borba. Ao vencedor, as batatas!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Em honra a Zeus


Os jogos olímpicos têm origem na Grécia Antiga e eles serviam como uma celebração aos deuses, especialmente Zeus. A civilização helênica era politeísta, ou seja, cultivava vários deuses que eram representações anímicas dos estados da natureza, dos sentimentos e dos processos civilizatórios. Os deuses gregos possuíam em essência os sentimentos humanos e por isso precisavam ser aplacados.
Especula-se que a primeira edição dos jogos olímpicos aconteceu no ano de 776 A.C. no local onde se encontravam os rios Alfeu e Giadeo. Era ali a cidade chamada Olímpia que emprestou seu nome aos jogos, imortalizando-se. As Olimpíadas são o maior evento esportivo da história da humanidade e, no período helenístico, era capaz de paralisar as ações de guerra hábito que, infelizmente não se estendeu ao período moderno dos jogos.
A princípio, apenas homens eram admitidos na disputa, da qual passou a fazer parte, quase como um símbolo, uma homenagem perpétua dos Jogos à Grécia, a Maratona, corrida de fundo na distância de 42 quilômetros e 500 metros, a mesma percorrida por um soldado grego, que a correr levou até Atenas a notícia da vitória de seu exército na batalha Maratona, cidade da Ática, onde se combatiam os persas. Dada a notícia, caiu morto, tornando-se sinônimo da tenacidade.
A única premiação destinada aos vencedores dos jogos na antiguidade era a honra de ter vencido as justas em homenagem aos deuses e uma coroa de louros. A disputa dos jogos ocorria já naquela época a cada quatro anos e durou séculos até a dominação da Grécia pelos romanos. Os romanos preferiam as disputas de gladiadores, que aconteciam em arenas especialmente preparadas e não cultivavam o esporte da mesma forma que os gregos, logo eles passaram a deixar de lado tais práticas.
O imperador romano Teodósio II foi o responsável por decretar o fim dos jogos olímpicos da antiguidade. Após converter-se ao crescente cristianismo e em obediência à igreja que ganhava força naquele momento ele decretou o fim das celebrações pagãs, dentre elas as Olimpíadas. Assim, por cerca de 1500 anos elas não foram disputadas.
O francês conhecido como Barão de Coubertin foi o idealizador dos jogos olímpicos da era moderna e em 1894, apoiado pelo americano William Sloane e pelo inglês Charles Herbert, e contando com a presença de representantes de 15 países, fundou o C.O.I., organismo que até hoje controla todo o mundo olímpico. Dois anos depois, realizava-se em Atenas a 1ª disputa dos jogos olímpicos da era moderna.
Os jogos modernos não trazem consigo, porém a totalidade do espírito olímpico original. As competições que paralisavam guerras na antiguidade a partir dessa retomada são interrompidos por elas. Desde 1896 elas não foram disputadas nos anos de 1916, 1940 e 1944 durante as duas grandes guerras mundiais.